Descreditando o processo democrático

A corrosão das eleições

A maior inovação do autoritarismo do século XXI é subverter o poder mantendo uma fachada de eleições democráticas. Foi esta a tática de Maduro para se consolidar na Venezuela, é a tática utilizada por Putin e seus aliados na Rússia, e é a estratégia adotada por Donald Trump nos Estados Unidos. A tática neofascista visa distorcer informações, falsificar e anular resultados eleitorais, suprimir votos com ameaças e intimidações a oficiais e eleitores, mudar as regras do sistema, e minar a confiança no processo eleitoral.

Como o Brasil possui um sistema de votação moderno, unificado, rápido e seguro, a estratégia dita que ele precisa ser descreditado como um todo. O alvo principal é a urna eletrônica, valendo-se da paranoia e ignorância tecnológica, e de uma enxurrada de fake news. Ao se obter apoio popular para a ideia mentirosa de fraude eleitoral, Bolsonaro se prepara para descreditar o processo democrático como um todo.

Ao delegar a legitimidade das eleições para as mãos da fiscalização das Forças Armadas e a uma empresa privada, Bolsonaro prepara o terreno para disputar o resultado das urnas. Bastaria cooptar parte destes grupos e forjar provas para semear a difusão da dúvida e o colapso da ordem constitucional.

Entretanto, a sociedade civil e as instituições também aprenderam com o golpismo trumpista, e estão contra-atacando a investida bolsonarista. Com o enfraquecimento da estratégia de subverter o resultado eleitoral, favorece-se a saída para o caos e violência generalizada, pois, apavorado com a visão da sua prisão e de seus filhos num futuro próximo, “Bolsonaro não tem mais nada a perder.”

Você sabe como você deve se preparar, não para um novo Capitólio, ninguém quer invadir nada, mas sabemos o que temos que fazer antes das eleições.
— Jair Bolsonaro

Logo poderemos comemorar o fim desta terrível presidência, mas não vamos nos iludir:

O bolsonarismo persistirá.

A batalha contra o neofascismo deve continuar.

Resistiremos, e venceremos.