Cooptando o monopólio da força
O aliciamento das Forças Armadas
A politização de instituições independentes é uma tática neofascista de acumulo de poder, especialmente se tratando das forças bélicas e de segurança.
Bolsonaro aos poucos se entranhou no controle das Forças Armadas. No início de seu mandato indagava-se como seria para generais obedecerem “o” capitão. Já em 2020, o Ministério Público Federal apontou interferência de Bolsonaro no Exército. Após uma ridícula queda de braço com Biden, em que o Presidente Bolsonaro, magoado com a derrota de Trump, ameaçou veladamente entrar em guerra contra os EUA, o Ministro da Defesa e os comandantes das Forças Armadas assinaram uma carta defendendo a separação entre as instituições e a política. Não muito tempo depois, o Ministro da Defesa foi demitido por não aceitar as interferências do presidente nas Forças Armadas. Logo após, foi a vez dos comandantes. Bolsonaro teve a oportunidade de selecionar líderes que estivessem mais alinhados com as suas aspirações e mais subservientes aos seus comandos. Para ampliar seu apoio, cargos, supersalários, benefícios, bônus, picanha e viagra foram distribuídos, na esperança de que benesses e rentismo recrutassem adeptos ao golpismo.
Entretanto, as Forças Armadas não estão todas no mesmo barco — existem coronéis e generais que não querem se beneficiar da morte alheia como Pazuello, e que não querem se aventurar na política corrupta como Braga Netto. Existem milhares de soldados, cabos, tenentes e majores que não compactuam com a desonra que é ter um líder como Jair Bolsonaro comandando o país, e lideranças militares estão se pronunciando contra tentativas de golpe. Mesmo que não tenha êxito na cooptação das Forças Armadas, o bolsonarismo desestabiliza, envergonha e enfraquece a imagem da instituição. As recentes investidas contra o sistema eleitoral deixam a população a mercê da preocupação, insegurança e medo que ainda são tingidos pela história recente do Brasil.
As Forças Armadas tem um papel fundamental na manutenção da ordem institucional democrática, e não podem se deixar levar por um golpismo vil, nem sucumbir a pressões antidemocráticas, ou compactuar com o ódio. É possível mudar o nosso país sem repetir o nosso passado de invervenções militares na política — e nossos militares devem almejar ser exemplo para o futuro, afastando-se da política e do bolsonarismo.
Se quiser fechar o STF, sabe o que você faz? ... Manda um soldado e um cabo.