A incitação ao ódio e à violência
A violência é característica central do fascismo, e a retórica violenta propaga violência. Bolsonaro sugeriu metralhar adversários políticos, usou crianças para fazer apologia ao uso de armas, insultou e ameaçou espancar jornalistas, e estimulou militares a agredirem seu próprio povo. Recentemente, sugeriu que um tiro ou uma granada são suficientes para matar seus adversários na corrida eleitoral. Quantos mais morrerão sob os gritos de “Aqui é Bolsonaro!”? Criticar o bolsonarismo pode levar à morte, e a violência cala a dissidência. Bolsonaro armou centenas de milhares de apoiadores facilitando a liberação e porte para CAC’s com o desejo de facilitar a violência contra o estado e a sociedade. O Exército já se prepara para a escalada da violência política.
Os laços com a violência não são recentes. Bolsonaro ficou famoso por seu currículo de misoginia, homofobia, racismo e defesa de grupos de extermínio. A família tem constrangedores vínculos com a milícia e o crime organizado do Rio de Janeiro. Bolsonaro defende a tortura, chama torturadores de heróis, debocha e insulta os torturados.
Tortura é ódio. A estratégia do ódio é criar divisões na sociedade, alimentando a polarização. O neofascismo deslegitimiza e persegue minorias vulneráveis e constrói inimigos imaginários para fomentar a discórdia. Cria-se medo do fantasma do comunismo, recorrendo ao derrame de sangue se necessário. Salienta diferenças religiosas e raciais para estimular o pensamento de “nós contra eles.” Faz vista grossa para genocídios e cria políticas que estimulam o extermínio.
Entretanto, nem todas as táticas de incitação se dão a céu aberto. Sob holofotes democratas, políticos antidemocráticos criam uma fachada de oposição à violência, mas na realidade não medem esforços em proferir xingamentos, inflamar os ânimos e gerar divisão social e caos. Estimulados pela retórica violenta e golpista, apoiadores fanáticos passam a fazer o trabalho sujo. Atacam comunidades vulneráveis, juízes, órgãos de imprensa, estudantes, comícios políticos, políticos, e até idosos. Capangas frequentemente ameaçam críticos. A covardia se escancara no anonimato de redes sociais e na obscuridade de grupos de WhatsApp e Telegram, onde incentivam a ruptura democrática e o uso da força. Quando fanáticos específicos já não lhe são úteis, líderes autocráticos abandonam seus aliados na fogueira.
O neofascismo mobiliza segmentos populares a cometer atrocidades, dando carta branca para a violência. Líderes autocráticos se esquivam da responsabilidade para sustentar alguma legitimidade democrática. Conforme a percepção de insegurança aumenta, as divisões sociais tornam-se mais politizadas e combativas. Caso a situação decaia ao caos, lhes é dada a oportunidade de justificar restrições a liberdades civis e expandir medidas coercitivas. A partir da instauração da violência estatal, pode-se reprimir sistematicamente a oposição política.